Noite Fora do Eixo #10: Nada como estar em casa

17 de abril de 2011
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Desde a primeira vez que a programação da Noite Fora do Eixo #10 chegou aos meus ouvidos toda a expectativa, ansiedade e empolgação apareceram em mim, afinal as bandas causavam frisson só pelas suas descrições.

A mensagem sempre era essa: “É dia 16 no Jack, galera. Vamo aí!”

Até que um dia o Renan chegou na faculdade e me contou sentido que o show havia sido cancelado e que o Gabriel procurava um novo palco pra noite. Foi um tempo de angústia. Quando na quinta-feira a atualização do evento no Facebook me deixou mais tranqüila. Local: Sede do Enxame Coletivo.

Cara, que legal. Taí um lugar que eu pagava pra ver uma festa rolar, afinal foi nesse espaço que eventos como Grito Rock, Festival Canja e Seda foram moldados e onde as brainstorms são frequentemente postos em prática.

Quando cheguei vi uma estrutura das mais aconchegantes possíveis, nada de grandes mudanças na composição da casa, mas com suporte para receber perfeitamente um projeto da dimensão e da história da NFDE.

O público era o cativo, confesso que ainda maior do que dos outros eventos do Enxame, talvez por aquela sensação de estar em casa que a sede causava. Foi uma noite extasiante. Músicos inesquecíveis e inigualáveis, que assim como os expectadores, demonstraram estar em casa e respiraram o ar colaborativo/coletivo que ela transmitia.

Por Laura Luz

Árido groove e a vaibe


Começou devagar. O portãozinho simpático da sede do enxame já estava aberto e a sala principal (do sofazinho) estava vazia. Mais à frente via-se os equipamentos da Cabana Café, banda que abriria a noite. O bar cheio de conhecidos: Artur, Isis e Cambota servindo a alegria da noite. Destaque para a caipirinha de limão-amarelo do Artur (hehe). Do quintal da casa, umas batidas suingadas já me fazia abrir um sorriso. O Árido Groove já começou.


Colado na parede da varanda, um aviso: “É gostoso vir para varanda, é fresquinho, né? Então, tá vendo os vasinhos de plantas, regue as plantinhas, elas gostam de ser regadas.” No parapeito, uma dezena de potinhos com temperos, flores e afins. Pensei: “Os detalhes fazem a diferença mesmo.”

A galera chegava e o som, unicamente brasileiro nessa edição da NFDE, ia fluindo. Espaços para groovezinho, rap, reaggae, samba. De cabeça, lembro de Emicida, Fino Coletivo, Curumin, Do Amor (três vezes), CéU (muitas vezes). Até um Roberto Carlos psicodélico saiu das pickups.

O show do Cabana Café fez suar a testa de todos que estavam alegremente enfurnados na pequena sala do Enxame. Via todo mundo se esbarrando e dando um sorriso. Como que dizendo, sinceramente: “Que legal que a gente tá aqui apertado.” Não seria tão bom se não fosse daquele jeito. Depois do show(zaço), os membros do Cabana foram curtir a brisa da madrugada na varanda e até brincaram de passar de baixo da cordinha. Só quem passou, sabe.

Mais pro fim, com todos naturalmente mais felizes, o Gabriel largou a bandeira nacional e partiu pro hype gringo. Pixies, Arctic Monkeys, Strokes novo, Franz dançante e até um improvável Beatles (Get Back).
Pela noite, as conversas fluíam, o som levava e o clima de paquera pairava. Era exatamente naquele dia o aniversário da ocupação da sede do Enxame Coletivo. Um ano. De alguma forma, essa noite traduzia o coletivo. A leveza das conversas, camaradagem e música boa, de gente que está exatamente aonde quer estar.

E quando vai ser a próxima festa?

Por Renan Simão

Vem tomar Café, vem morar na minha Cabana, vem tocar na minha banda



O Cabana Café é assim: desde o nome da banda já te deixa a vontade. Eles são receptivos, simpáticos e super animados.

Quem foi e ouviu, achou demais tudo: o fato deles serem 7 integrantes, morarem todos na mesma casa, a música, o show, o cover e o EP sendo vendido num filtro de café.

E nem se quer se importou de ficar espremido entre as paredes da sede do Enxame Coletivo para vê-los tocar. Nem eles e pelo que me pareceu, nem a banda. Havia só um fio luminoso vermelho nos dividindo. O Cabana Café já tocou em lugares em que esteve como aqui: tão próximo do seu público, sem palco, olhares na mesma altura. Mas, com tanta energia e tanta intensidade assim, eu duvido muito.

A resposta do público àquela bossa nova, meio MPB, meio rock foi imediata. Quem conseguiu chegar ao mesmo cômodo em que a banda estava tocando, (mesmo derretendo) não quis deixar o calor.

A relação dividida pelo fio luminoso foi tão intensa, tão sintônica, que se eu bem entendi o que estava acontecendo, teve gente da platéia que até mesmo ousou pegar um instrumento deles pra acompanhar o som. Pra fechar, uma introdução conhecida de todos e que casou muito bem com o estilo do Cabana, “Young Folks”.

Pro Cabana acabou sendo tão surreal quanto pra quem esteve na Noite Fora do Eixo #10.

O final foi que nem mal o Cabana Café tinha parado de tocar e tanto eles, quanto o público já queriam saber quando seria o próximo show da banda na cidade.

Por Laís Semis

Hermanos Aqui

Porto Alegre, Santa Maria, Esteio, Araraquara, São Carlos, São Paulo, Monte Alto, Uberaba, Rio de Janeiro. Bauru, 16 de abril de 2011, aniversário da sede do Enxame Coletivo. Noite Fora do Eixo em edição especial, com direito à língua de sogra e bexigas. A banda de um homem só Proyecto Gomez marca o início do intercâmbio Brasil-Argentina promovido pelo circuito Fora do Eixo. E o regalo foi por conta da casa.


A ideia é expandir cada vez mais a difusão do circuito Fora do Eixo. O último congresso realizado em Buenos Aires comprova isto. Direto da Argentina, o argention Rodrigo Gomez se destacava do jovem público regado à cervejas e cigarros que adentrava a pequena e por hora barulhenta, sede do coletivo Enxame. Uma ou duas vezes o encontrei aguardando sua apresentação, com suas unhas vermelho carmim, uma barba peculiar e seu macacão preto. Não era difícil apontar o argentino no pré-show.


A espremida e animadora apresentação da banda brasileira Cabana Café terminou sob gritinhos e palmas de quem queria mais. Quem gosta de boa música sempre quer mais. O intuito é este. Minutos depois algumas dezenas de corpos ainda estáticos aguardavam o início da apresentação do argentino. Quem leu o realease poderia prever um som mais eletrônico, artificial. Pura impressão. O que vimos foi rock de verdade, com direito à guitarra, bateria e baixo. Cada sequência instrumental era gravada em uma espécie de sintetizador que reproduzia repetidamente o que foi programada enquanto Gomez selava o som na bateria. O forte sotaque argentino me impediu em vários momentos de entender o que diziam as letras, mas ainda assim deu pra sentir a energia. É uma viagem. Ele levanta, pega a guitarra, grava som, voz, volta. Pega baqueta, manda ver. Até os vazios entre-músicas eram preenchidos por áudios gravados ali, na hora. Tudo certamente ensaiado. Mas ainda assim, com um ar de improviso, correndo o risco de não dar certo. Entre um instrumento e outro, o argentino tocou cerca de 10 músicas. Algo como um show em camadas sobrepostas. A monobanda surpreendeu. E partiu. Bienvenidos nuestros hermanos argentinos.

Por Beatriz Almeida
  1. Todos os relatos se completaram num só link, vcs captaram muitos detalhes, ficou ótimo! O Renan das plantas, da discotecagem, Laura comentando a angústia do movimento do sem palco e a expectativa da festa na sede, Laís sobre o desejo do público e banda em voltar pra Bauru, Bia captando cada flash do show do Gomez. Resultado final fantástico e emocionante.
    Parabéns, vcs são um timasso.

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  2. Sensacional!
    Mais uma vez um belo trabalho @E_Colab.
    Parabéns.


    Só estou lendo a cobertura da noite uma semana depois (Estava viajando) pois acabei de chegar de volta à sede do Enxame.
    Nostalgia.

    Foi muito massa receber uma NFDE nesse estilo.
    Sem dúvida nenhuma a metodologia aplicada ( da sivirologia) desta vez ficou a nosso favor e a #sede comportou a estrutura do evento

    #TamuJuntoeMisturado


    Valeu E-colab.
    Au revoir.

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